quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O rio e eu...


Há quinze dias não faço outra coisa
senão olhar o rio...
rio das Pombas... das Minas Gerais... dos mananciais...
rio do saudoso areão... das sereias no verão... do poeta de então...
rio de cheias... das dores minhas... das dores alheias...

Há quinze dias não faço outra coisa
senão olhar o rio...
rio... na origem, mortalmente ferido...
rio... que chora o progresso incontido...
rio... humilhado ao ver seu leito reduzido...

E agora é ano Novo no Velho rio...
ano Novo... esperança... / Velho rio... destrói ponte na andança.
ano Novo... recomeço... / Velho rio... perde as entranhas, o berço.
ano Novo... paz e amor... / Velho rio... traz perda e terror.

Há quinze dias não faço outra coisa
senão olhar o rio...
Sozinha... não rio... choro
ausências e mesmo presenças... que ignoro, não imploro...

O rio e eu...
ele, incógnita...
eu, temor...
apostando, calados,
perene corrida...

Eu e o rio...
descendo...
subindo...
batendo
nas margens da vida...

31/12/2008 - 01/01/2009
Sônia Possidente


Nenhum comentário: