quinta-feira, 12 de novembro de 2009

ESTADO NÃO FORNECE OS REMEDIOS PARA PK NO RJ

Bem Pessoal...
Tentei remeter a carta abaixo para o e-mail do Secretário de Saude do Rio de Janeiro, constante do site (
sergio.cortes@saude.rj.gov.br) mas retornou. Tentei também a Ouvidoria do Estado do Rio e ele tambem voltou. Pelo que entendi o e-mail foi desativado, mas ainda consta da página da secretaria.
Assim, resolvi publicar aqui e enviar aos amigos para que, quem sabe chegue aos ouvidos do Secretário ou quem sabe dopróprio Governador... já que nossaa situação, e de milhares de outros parkinsonianos do Estado é verdadeiramente aflitiva.

Segue o inteiro teor da carta:

Carta aberta aoSr Secretário de Estado de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro,

Dr. Sérgio Luiz Côrtes da Silveira

Meu nome é Regina de Mattos Pereira, RG 09100891-3 IFP, CPF 641640637-34 e cartão do SUS nº 801434128087853, resido na cidade de Niterói – RJ.
Tenho a doença de Parkinson diagnosticada há aproximadamente cinco anos e somente no ano passado tomei conhecimento de que teria direito ao fornecimento do remédio que uso pelo Poder Público.
Em primeiro lugar devo dizer que pago plano de saúde e tenho um médico com o qual faço o tratamento para a Doença de Parkinson, porque não temos ainda um serviço gratuito que possa suprir todo o contingente do estado. Entretanto, por força de lei, tenho que passar por um médico do SUS para receber o dito medicamento.
Pois bem, depois de passar por vários Postos de Saúde nos quais não havia neurologistas, fui encaminhada à POLICLÍNICA DE ESPECIALIDADES DR. SYLVIO PICANÇO em Niterói, para a “médica” MARIA LUCIA D. HAMMERTI, que me recebeu em seu consultório “aos pontapés” e ao lhe dizer o motivo que me levava ao seu consultório, ela “aos berros” me disse que não iria preencher as LMEs necessárias para a retirada dos remédios. Diante de tão inusitada atitude, solicitei-lhe então que me passasse para outro médico e ela disse que não poderia fazê-lo. Depois de me humilhar bastante, preencheu deliberadamente de forma errada as referidas LMEs.
Ao sair de seu consultório fui imediatamente ao diretor da Policlínica, Dr. JOSE GERALDO DA SILVEIRA CRM 5201987-1, MATRICULA nº 436527-6, que por sinal não estava em seu posto, registrar minha queixa, que deixei por escrito.
Fui continuar o procedimento para conseguir a medicação (PRAMIPEXOL), porém as LMEs foram recusadas, pois, como havia dito, estavam preenchidas erradas.
Voltei à Policlínica e fui falar diretamente com o diretor, já que a médica havia dito que não precisaria nem voltar, pois ela não refaria o documento. O diretor me recebeu e, ele próprio preencheu as folhas já que é um neurologista, apesar de não conhecer o medicamento que eu e milhares de parkinsonianos usamos.
Pois bem, ajudado por mim (ditei tudo pra ele) levei as LMEs ao posto e comecei o processo. Este foi aprovado e recebi os remédios por três meses, isto porque tive alguém que ficasse numa fila absurda pra mim, já que não são comprados remédios pra todos. Quem chegar primeiro tem o remédio, os outros...
Passados esses três meses, voltei ao posto pra pegar novas LMEs, mas fui outra vez destratada... Resolvi tentar em outro lugar, pois sou uma cidadã e como tal quero ser tratada, além do que tenho uma doença neurológica, degenerativa e progressiva que piora muito com todo esse estresse, e já que o diretor não tomou nenhuma providência quanto ao comportamento daquela senhora que de forma alguma pode ser qualificada como médica, pois evidentemente não dá a menor importância ao Juramento de Hipócrates (se é que prestou tal juramento), eu iria piorar ao invés de melhorar como deveria ser.
Consegui uma consulta no Hospital Universitário Antonio Pedro, da UFF e pensei que não teria mais problemas, já que lá existe um programa de referência de Parkinson no Brasil e é um hospital federal. Não durou muito tempo minha alegria. O serviço dos médicos e residentes é realmente exemplar, porém o recebimento dos remédios não foi o que esperava. Recebi alguns meses corretamente, mas há três meses que não os recebo. Descobri então que os remédios, apesar da verba ser federal, era comprado pelo Estado.
Entrei em contato a Associação Brasil Parkinson, em são Paulo, que contatou o laboratório que fabrica o medicamento, e este informou que o problema não é de falta de medicamento (já que os Pks do Brasil inteiro estão recebendo) e sim da SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, QUE NÃO ESTA COMPRANDO OS MEDICAMENTOS.

Bem, depois de relatar todo o meu caso, gostaria de fazer algumas ponderações.

Se temos direito aos medicamentos que é garantido pelo governo federal:
1 - Por que a Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro pode deixar de comprar o medicamento, e quando compra é em quantidade insuficiente? Quem fiscaliza esse serviço? O Senhor? Seus assessores?
2 - Por que esse direito não é divulgado pelos médicos da rede pública e privada para que possamos ter acesso a ele?

Sei que o Sr é médico ortopedista com especialização na Alemanha e coisa e tal...

Mas fico me perguntando...
Será que vocês têm noção do que é sofrer da Doença de Parkinson, doença neurológica, degenerativa e progressiva, no meu caso desde os 45 anos?
O medicamento que uso para o Parkinson custa quase R$ 250.00 cada caixa e tenho que tomar quatro caixas por mês. Preciso ainda fazer Fonoaudiologia, fisioterapia, compro outros medicamentos para outros problemas clínicos.
Além de remédios, preciso: morar, me vestir, comer, pagar plano de saúde, fisioterapia, água, luz... Ou seja, o gasto que tenho é superior às minhas condições...
Ah esqueci de dizer, que sou professora do Estado e o senhor deve conhecer o nosso salário...
Será que vocês conseguem visualizar isso? Ou a convivência com o meio político retirou-lhes por completo a capacidade de perceber o sofrimento alheio e se sensibilizar de forma a procurar sanar, ao menos em parte os males que afligem a população?
Sei que posso entrar com um Mandado de Segurança contra o Estado para receber o medicamento, o que, aliás, pretendo fazer. Porém não acho justo eu receber e todos os outros Parkinsonianos do RJ ficarem sem receber.
Por tudo isso que foi relatado gostaria de deixar essa reclamação/denúncia para que medidas sejam tomadas.
Devo acrescentar que cópia desta carta estará sendo enviada para a Ouvidoria do SUS, pois sei que somente eles poderão tomar uma providência, além do próprio Governador do Estado, que, em última análise, é o responsável pelos serviços de saúde em âmbito estadual, e ainda à imprensa, já que se não houver publicidade, não há político neste país que se mexa em prol da população.
Na certeza de que providências serão tomadas e aguardando vossa resposta, agradeço a atenção e subscrevo-me.
Regina de Mattos Pereira

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