terça-feira, 31 de março de 2015

Reportagem - Jornal O HOJE Goiânia


Doença de Parkinson é tema de evento em Goiânia
Desafios, preconceito e novas terapias para melhorar a qualidade de vida dos pacientes serão debatidos

Principal causa é a morte das células do cérebro na área que controla os movimentos
Principal causa é a morte das células do cérebro na área que controla os movimentos
A doença de Parkinson não tem causa conhecida e acomete, principalmente, pessoas com idade a partir dos 60 anos, mas também pode atingir a população jovem. É uma doença neurológica, crônica e progressiva que atinge o sistema nervoso central e compromete os movimentos. Entre os sintomas estão os tremores nas mãos, a lentificação dos movimentos, os distúrbios da fala, do sono, respiratório e urinário, além de dificuldade para engolir. A principal causa do Parkinson é a morte das células do cérebro na área responsável pela produção de dopamina, um neurotransmissor que controla os movimentos.
Por conta das limitações, muitos pacientes desenvolvem a depressão ou fobia social, o que resulta na piora dos sintomas motores dos parkinsonianos – como são chamados os portadores da doença. O tratamento é feito com medicamentos, terapias alternativas e, em alguns casos, psicoterápicos, e até cirurgias em indivíduos muito específicos. O Projeto Vibrar Parkinson em parceria com o Instituto Integrado de Neurociência (Iineuro) e com a Universidade Federal de Goiás (UFG) promove, nos dias 10 e 11 de abril, o I Workshop Projeto Vibrar Parkinson. O tema do evento, Mais Qualidade de Vida – Tratamentos e Terapias, será apresentado e discutido no auxílio da difusão da informação e ampliação dos conhecimentos, tanto dos pacientes, familiares e cuidadores, como de profissionais da área da saúde, por meio de uma abordagem e linguagem acessíveis.
A programação do evento foi elaborada com objetivo de esclarecer dúvidas em relação à doença, aos tratamentos e terapias disponíveis e adequados, bem como aos cuidados necessários para melhorar a qualidade de vida dos portadores da doença de Parkinson. As palestras serão ministradas por profissionais da área da saúde envolvidos com práticas clínica e de pesquisa científica. Os participantes poderão esclarecer suas dúvidas diretamente com especialistas renomados na área de distúrbios de movimentos. Desta forma, o workshop pode ser uma forma de melhorar os conhecimentos de como lidar e conviver com a doença de Parkinson.
O workshop foi dividido em quatro momentos – Médico, Científico, Terapêutico e Jurídico – e será conduzido por diferentes especialistas de Goiás e de outros Estados do Brasil, entre eles, o neurologista e psiquiatra Leonardo Prestes; o neurocientista Marcos Hortes Nisihara Chagas; a neurologista Rachel Brant; os fisioterapeutas Andrea de Lima Pardini, Guilherme Afonso Neto, Gabriela Morgado e Aline Priscila Pansani, e a nutricionista e pesquisadora Tânia A. P. de Castro Ferreira.
Compõem o grupo de palestrantes, ainda, a fonoaudióloga Ana Lúcia Vinhal, a musicoterapêutra Tereza Raquel Alcantara-Silva; a profissional Andrea Guinancio, que trabalha com os benefícios do passe magnético no tratamento da doença; o advogado Aures Rosa, da Associação Parkinson Goiás, e o neurologista Delson José Silva, coordenador do CerMovi-Centro de Referência em Transtornos do Movimento doNúcleo de Neurociências do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da UFG, e diretor Iineuro. Em entrevista ao jornal O HOJE, o especialista falou sobre o evento, as doenças e seus desafios.
Delson José é parceiro do Projeto Vibrar Parkinson, idealizado para promover campanhas de conscientização e ainda preocupado com ampliação de auxílio, melhoria da qualidade de vida de pacientes, novas terapias para tratamento e possível cura da doença, entre outros. Conforme os envolvidos no projeto, muitos pacientes com doença de Parkinson, principalmente adultos e jovens com idade inferior a 40 anos, têm recebido o diagnóstico tardio e/ou errado. A demora ou o equívoco no diagnóstico pode, em muitos casos, comprometer a saúde do paciente e acelerar a progressão da doença.

Tulipa
O Dia Mundial da Doença de Parkinson é no dia 11 de abril. Geralmente, neste mês, são realizadas diferentes atividades em todos os países do mundo como forma de conscientizar as pessoas, arrecadar fundos para associações e grupos de apoio, além de debater estudos e pesquisas voltadas a alcançar a melhor condição de vida para os portadores. A tulipa vermelh é o símbolo utilizado para representar a doença de Parkinson.
Segundo relatos, em 1980, na Holanda, o floricultor JWS Van der Wereld, diagnosticado com a doença de Parkinson, desenvolveu uma tulipa vermelha e branca. Em 1981, Van der Wereld nomeou a tulipa de “dr. James Parkinson”, para homenagear o médico que primeiro descreveu a doença. A tulipa vermelha foi lançada como o símbolo mundial da doença de Parkinson, na IX Conferência do Dia Mundial da Doença de Parkinson em Luxemburgo, em 2005. Em Goiânia, uma camiseta com o símbolo pode ser adquirida por R$ 45,00 por meio da página do projeto: vibrarcomparkinson.com.

Entrevista Delson José Silva

Geralmente, qual primeiro sinal da doença é perceptível?
A doença de Parkinson apresenta quatro sintomas cardinais: tremor de repouso, bradicinesia (lentidão dos movimentos), rigidez dos movimentos e alteração da postura com desequilíbrio, no entanto o tremor é o sintoma que mais chama atenção dos pacientes, porém a lentidão dos movimentos é o sintoma mais incapacitante. Devemos ressaltar que outras doenças podem ter sintomas semelhantes, que podem confundir e retardar o diagnóstico. Nem todo tremor é doença de Parkinson e nem todo parkinsoniano treme.

Há pessoas mais suscetíveis que outras a desenvolver a doença?
A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa, portanto apresenta ocorrência predominantemente na terceira idade, sendo que idoso tem mais risco de desenvolver a doença, porém, em 10% dos pacientes, ela pode iniciar na fase jovem. Famílias que têm vários casos da doença têm mais chance de desenvolver a mesma. Exposição a algumas substâncias também constitui fator de risco, principalmente pesticidas, herbicidas e outra substancias tóxicas industriais (manganês, monoxido de carbono etc.). Ressalta-se que uso de medicamentos podem desenvolver quadro parkinsoniano, tais como, para labirintite (cinarizina, flunariziana), dentre outros.

Há possibilidade de, no futuro, ocorrer a prevenção dessa doença? Como estão as pesquisas?
Não há nenhum tratamento preventivo para a doença. Vários estudos estão em andamento no sentido de previnir e retardar a evolução da doença. Pesquisas importantes estão em andamento, como terapia genética, cirurgia e desenvolvimento de novos medicamentos baseados no melhor conhecimento adquirido em relação aos mecanismos que causam e perpetuam a doença.

Que terapias alternativas podem ajudar a melhorar a condição do paciente?
O tratamento multiprofissional, atualmente, é condição imprescindível para tratar o paciente parkinsoniano, com participação de fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, musicoterapeuta, dentre outros, no sentido de otimizar os resultados levando a melhor qualidade de vida aos pacientes.

Em que fase da vida ou desenvolvimento do Parkinson costuma trazer mais comprometimentos?
A fase avançada da doença requer mais cuidados, pois é quando as complicações são maiores, como infecções, quedas, alterações comportamentais e cognitivas aparecem.

Como a família pode ajudar a melhorar a forma como o paciente encara suas limitações?
Apoio familiar é importantíssimo na condução do processo terapêutico, uma vez que tais pacientes dependem de forma direta dos que convivem com eles, tanto psicologicamente assim como nas fases mais avançadas; dependem fisicamente, sem contar que o carinho e o amor familiar são sobremaneira importantes.

Uma vez detectada a doença, há indicativos quanto a uma menor expectativa de vida?
A expectativa de vida dos pacientes parkinsonianos é menor, no entanto hoje isto diminui bastante devido aos avanços adquiridos.

O preconceito ainda é grande?
Hoje, devido ao conhecimento maior da população, diminui muito. Talvez maior em relação ao trabalho. Atualmente, várias campanhas educativas, eventos de associações, serviços específicos de tratamento têm contribuído para esclarecer e tratar adequadamente a doença de Parkinson.



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