sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Meu Depoimento

Iris Scarabucci


Dia 10 de outubro de 2003: Diagnosticada minha depressão.
Síndrome do Pânico; Palpitações; Medos; Taquicardia; Sensação de desmaio e Muitas dores na coluna. Tensa, toda rígida. Início do tratamento.

Desde 1994 já tinha alguns sintomas leves. Nem Imaginava que o Inglês estava se aproximando de mim. Como eu fazia Fisioterapia e nos anos subseqüentes, RPG e depois Pilates, os sintomas eram muito sutis.

Em maio de 2004, minhas dificuldades estavam ficando aparentes. Eu não conseguia calçar uma sandália de dedo deslizando o pé, as crises de coluna estavam freqüentes, os engasgos até com o ar aconteciam e as pessoas começaram a me chamar atenção: Iris, você está mancando, seu braço está dobrando. Cheguei no Rio de Janeiro e minha cunhada percebeu o meu braço e me alertou para o fato dele estar ficando dobrado. Mas minha filha e uma irmã já tinham me chamado à atenção sobre isso. Tratavam da minha coluna e eu vivia nas fisioterapias. Realmente eu sentia muitas dores na coluna

Dia D.

2006-Ano Fatídico e Inesquecível Diagnóstico - PARKINSON

Bem, no decorrer do ano de 2006, eu não agüentava mais remédios e dores na coluna. Faltava ao serviço. Era uma situação delicada. Dava entrada 2 vezes por semana em prontos socorros para amenizar as crises de coluna.
Resolvi procurar um ortopedista que eu não ia há tempos, mas que era meu médico, e quando lá cheguei relatei minhas entradas em pronto socorro, que eu não agüentava mais as hérnias de disco, que tinha tremores, rouquidão etc. Ele me ouviu com carinho e atenção. No exame clínico os meus reflexos estavam exacerbados. Eu era o retrato do enrijecimento, “toda dura”. Percebia que meu rosto não tinha muita expressão. Não entendia o que era. Aí, veio o veredicto: Investigue amanhã Parkinson. Eu quero você de licença médica para investigação urgente. No dia seguinte estava no neurocirurgião, um grande amigo, que foi maravilhoso comigo.
Relatei-lhe o que eu sentia e a indicação do ortopedista. Após os exames clínicos, solicitou os exames de praxe e veio o diagnóstico: PARKINSON. Saí dali meio perplexa, atônita e robotizada. Eu era o reflexo da ignorância do Parkinson, não imaginava o que eu teria que modificar em minha vida. Meu caso é do lado direito, perna e braço.
Bem, tudo tem lados bons e ruins. A coisa boa é que me redescobri como mulher, passei a me cuidar mais. E passei a me ENXERGAR. Até então, eu vivia colocando todos e tudo em primeiro lugar. Eu não me via mais, não me enxergava, entende? Eu sou avó de primeira viagem, e minha neta de 3 anos é uma das razões da minha vida e um dos meus amores. Tenho 3 filhos sendo um com sete aninhos. Foi quando me bateu a insegurança: Será que vou viver pra ver meu filho e minha neta criados?

A VIRADA

Não parei para chorar, apesar do medo que sentia. Vesti minha pele de leoa e parti para a briga. Era ele ou eu. E eu decidi que iria mandar esse inglês para o inferno. Afinal, nunca me submeti ao jugo de ninguém.
Esqueci de mencionar que, além do PK, sou hipertensa e tenho um início de diabetes.
Dei início ao tratamento: doses cavalares de medicamentos para as doenças já citadas, e outros para as que acompanham o PK: depressão e o que todos conhecem, além, é claro, da reposição hormonal. Pensam que parou por aí? Fonoaudióloga, hidroginástica, alongamentos (em casa), caminhadas, exercícios para o equilíbrio. Levo sempre uma bolinha na bolsa e, onde quer que eu esteja, pego minha bola sem nenhuma vergonha e me exercito. Eu que sei de meus problemas e não posso me dar ao luxo de me preocupar com o que os outros estão pensando da louca com sua bolinha.
Não escondo de ninguém que tenho Parkinson. Normalmente, as pessoas não acreditam, pois esses tratamentos todos estão dando bons resultados: MEU EQUILÍBRIO MELHOROU, MINHA EXPRESSÃO FACIAL SUAVIZOU-SE (sou disciplinada e faço os exercícios em casa, vendo TV, no computador, onde der), AS DORES MELHORARAM, enfim, sou uma pessoa completamente normal.
Devo destacar que, desde o início, conto com a ajuda e dedicação de meu marido e filhos.
Outra coisa importante: voltei a curtir coisas que eu amo e tinha até esquecido: ouvir música, tocar violão, praia (tenho ido pouco, devido ao tempo).
RESUMO DA ÓPERA: QUEM QUISER DAR UMA RASTEIRA NO INGLÊS TEM QUE SER BEM BRASILEIRO, TEM QUE SE MEXER, NÃO PODE FICAR PARADO. TEM QUE SAIR DA TOCA, PASSEAR, ENFIM, TEM QUE VOLTAR A VIVER O MAIS PLENAMENTE POSSÍVEL.
Se não fizermos nada e só ficarmos nos lamentando, ele irá nos vencer. Temos que ficar bem e prontos, pois as pesquisas estão avançando e quanto melhor estivermos no momento da descoberta da cura, mais chances teremos.

ENTÃO, É O SEGUINTE:
O INGLÊS É PREGUIÇOSO, NÃO GOSTA DE MOVIMENTO. VAMOS CONTRARIÁ-LO: MEXA-SE. O TEMPO TODO. NÃO PARE. TUDO NO SEU TEMPO (NÃO VÁ QUERER DISPUTAR UMA MARATONA). E, PRINCIPALMENTE, VAMOS DAR VIVAS À VIDA, POIS ELA É BELA E ÚNICA E CADA UM DE NÓS DEVE VIVÊ-LA INTENSAMENTE.

9 comentários:

Dalva disse...

eita...mulher arretada.........

Carol e Iara de Siqueira disse...

Oi D. Íris, li seu relato e o poema da sua amiga Regina, e adorei, pois vocês estão mostrando a todos o quanto são guerreiras e estão dando a volta por cima desta adversidade. Sucesso nessa luta, e conte sempre com sua "família" de Brasília. Bjs. Carolina de Siqueira Grossi

Lena disse...

Gostei muito. Muito criativo. Tenho certeza de que irá contribuir muito para mostrar as pessoas que o Parkinson não é um bicho de sete cabeças.
Parabéns,
Lena

associaçao parkinson piraju disse...

Regina e Iris, adorei td que vi..
Desejo que o sucesso haja sempre!
parabens!
cleide - Piraju/sp

Dri e Lara disse...

Oi Tia!
Muito lindo seu depoimento. Lindo como vc, uma pessoa maravilhosa que eu admiro e gosto muito! Te desejo toda força e felicidade do mundo!!!
Te adoro!
bjsss

Unknown disse...

Íris, li mas ainda quero reler com mais atenção porque há partes que parece que "fui eu que escrevi", rsrs. Quando li: "VESTI A PELE DE LEOA", fiquei comovida. ADOREI. Prometo voltar. *TT

Renato Coutinho disse...

Iris,

Li seu depoimento
contando sua historia
ele se parece tambem
com minha trajetória

alias a coisa acontece
com toda comunidade
alguns meio precoce
inicia com pouca idade

fico feliz com esta leitura
faz a gente se animar
saber que não é o único
tentando o Inglês driblar

você é grande exemplo
no seu otimismo mirar
como dar a volta por cima
e auto estima recuperar

não esqueça de onde ires
como viver bem semear
Porque seu exemplo Iris
Em todos vai fecundar

Iris Scarabucci disse...

Queridos,

Adorei os comentários. Que bom que vocês gostaram. Isso nos incentiva ainda mais a continuar.

Mirthis disse...

Sogrinha !!!!!!!!!!!!!!!!!!! amei o Blog, amei o depoimento e AMO você, não preciso nem dizer... Vamos chutao o inglês pra bem longe e viver muitos aninhos pra curtir os cinco netinhos que vou te dar. Bjs