terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Mais uma contribuição do Renato...

Fim do Mundo – Em cordel

Aconteceu na cidade
Em Minas, no interior
Um fato bem curioso
Gerou grande pavor

Assunto das esquinas:
Como vamos fazer?
O Halley vai passar
Na Terra vai bater

E quando nela chocar
Tudo aqui vai derreter
Será que irá agüentar
Ou todos vão morrer

A notícia explodiu
O jornal foi publicar
Foi de boca em boca
O mundo vai acabar

A noiva bem depressa
Tratou logo de casar
Não queria ir solteira
Para outro mundo passar

A virgem logo achou
Um homem para transar:
-Não deixo a virgindade
Para o fim do mundo levar

A beata correu para igreja
E se pôs de joelho rezar:
-Sr. me leva para o céu
A Sua direita quero sentar

O bêbado foi ao boteco
Pediu uma pinga fiado:
-Se o mundo não acabar
Volto depois e pago

Naquela pacata cidade
Foi a maior confusão
Todos queriam aproveitar
Daquela triste situação

O agiota desesperado
A todos pediu resgatar
O dinheiro emprestado
Mesmo sem o juro pagar

O dono da venda ordenou:
- Pagues o tens a dever
A partir de hoje na venda
Fiado não mais vou vender

O ateu mudou de crença
E entrou na Igreja louvar
Em oração a Deus pediu:
- O Sr. tem que nos salvar

Na funerária uma faixa
“Morra sem ser pagão
Antes que tudo acabe
Pague a vista seu caixão”

O Prefeito então reuniu
A Assembléia da cidade
Declarou ao Presidente
Estado de calamidade

E nada aconteceu
Quando o cometa passou
O céu apenas brilhou
E a terra não acabou

E a noiva ficou triste
De seu marido separou
Veio depois a descobrir
Com a virgem ele ficou

A virgem não importou
Ficou alegre a festejar
Pois agora na barriga
Tinha um filho para criar

A beata não conforma
Vai ter que se contentar
Sentar no banco da igreja
Ouvindo o padre pregar

O bêbado ficou apertado
Depois que o fogo passou
Teve de pagar o fiado
Pois o mundo não acabou

O agiota envergonhado
Dirigiu a todos falando
Se for com aquele juro
Continuo emprestando

O moço da venda remiu
Afirmou fui um idiota
A venda pela caderneta
Agora já esta de volta

O ateu assustado disse
Depois de muito tremer:
- Eu sabia todo momento
Que nada ia acontecer

Foi o dono da funerária
O único que se deu bem
Vendeu todos os caixões
Sem ter morrido ninguém

O Prefeito meio sem jeito
Foi em Brasília informar
A calamidade já acabou
Sem mesmo ela iniciar

Foi um grande alvoroço
O que esta cidade sofreu
Mas não teve um ferido
E também ninguém morreu

E a pequena cidade
Naquela pacata vila
Sempre de olho no céu
Leva uma vida tranqüila

Um comentário:

Ana Lúcia disse...

Vou ser repetitiva, mas é muito bom este "Tremendo Papo", como eu gosto do que vc escreve! Muito bom mesmo.
Abraços,
Ana Lúcia