Nossa amiga Dalva Molnar irá se apresentar amanhã e ela convida:
NESTE DOMINGO 26 DE ABRIL AS 10 H
TEM RODA NO CENTRO DE CONVIVÊNCIA
VENHA...
Notícias de Jornal...
GAZETA DO CAMBUI
edição de 2009-04-24.
Entre nesta roda
Teatro de Arena é palco para o projeto Danças Circulares
TIAGO GONÇALVES mailto:GONÇALVEStiago.goncalves@rac.com.br
Das férias nos tempos de menina em Assis, no Interior de São Paulo, ou em Areado, no de Minas Gerais, dona Dalva Molnar, de 62 anos, guarda na lembrança as cantorias das Folias de Reis, bem como das cirandas e brincadeiras de roda com os primos. Da juventude, em razão do namoro com o marido, que já morreu, o músico húngaro de sinfônica Sandor Molnar, conheceu o manejo das danças folclóricas da Europa. Tudo adormecia dentro dela até que, numa visita ao Convivência, durante uma apresentação de danças circulares, sob a orientação de Mairany Gabriel, a vontade de entrar na roda aflorou-se, feito as flores na Primavera. A doença que a pegou de surpresa, o mal de Parkinson, também a ajudou na decisão de dançar como forma de terapia. Sua primeira apresentação dentro desta roda, ao lado de outros adeptos da Dança Circular, está marcada para domingo (26), às 10h, no Teatro de Arena do Centro de Convivência.
A performance, denominada Dança Circular — Um Resgate Cultural, é fruto de três meses de oficinas dentro do projeto Interações Estéticas — Residências Artísticas, oferecido pela Funarte (Ministério da Cultura). Desenvolvidos em quatro pontos de cultura (três em Campinas, um em Guaxupé, Sul de Minas Gerais) desde fevereiro, os encontros tinham por meta convidar o público, independentemente da idade, a entrar na roda e conhecer os fundamentos da Dança Circular (quadro). Além de atuar na parte física do corpo humano do praticante, como o alongamento dos membros, esta modalidade de dança vai além: "Trabalha com a educação e enaltece valores, entre eles o companheirismo e o saber respeitar a diferença e o ritmo do outro", destaca Mairany, coordenadora do projeto e focalizadora de Danças Circulares. Durante as rodas, os participantes se renderam à ginga de danças étnicas do mundo todo: gregas, celtas, africanas e, claro, brasileiras.
O espetáculo em cartaz no Teatro de Arena mostra um pouquinho disso. Como bem diz o nome: Resgate Cultural, a montagem está preocupada em contar, por meio dos passos da dança, a colonização da região de Campinas, bem como a do País. Quem for ao espetáculo, que contará com 60 participantes (quase todos representantes do sexo feminino), conhecerá coreografias inspiradas na cultura indígena, portuguesa, africana, russa, italiana, espanhola, entre muitas outras. Para alinhavar o gingado, a escritora Rita Palhares lerá alguns textos de sua autoria, outros também de Mairany e Maurício Ceolin. "Vamos passear, dançando, na alegria e introspeção de cada um destes povos", resume. O figurino, avisa a focalizadora, é mínimo. "Pedi para as mulheres irem de saia".
A roda é aberta com Poran Hey, uma dinâmica dos índios tupis, e segue com Serandinha (dança de terreiro do folclore de Portugal) e A Flor da África, canção do grupo mineiro A 4 vozes. "A coreografia desta última remete ao gingado da capoeira e do jongo", completa Mairany. Da Itália, o grupo dança Funiculi, Funiculá (gravação da Família Lima), da Espanha, Cuncti Simus Concanentes (da tradição do Livro Vermelho de Montserrat, do monastério de mesmo nome na Catalunha) e da Alemanha, Munchnerpolka. E não para por aí: Sheikani, do cancioneiro turco, Biserka, da Yugoslávia, e Zigeunerpolka, da Holanda. Para encerrar, uma ciranda. "Nesta dança, vamos convidar o público para entrar na roda", avisa.
Origem
O pai das Danças Circulares Sagradas é Bernhard Wosien, bailarino, pedagogo, desenhista e pintor, que dedicou boa parte de sua vida (iniciou em 1952) a pesquisar danças étnicas da Europa Oriental. Lá e cá, a dança é praticada em grupos e está ligada à educação e saúde. Em círculos, os participantes dão as mãos e buscam, cada um do seu modo, o bem-estar. Ao cair no ritmo das canções e danças de várias partes do mundo o dançarino tem a possibilidade de melhorar os estados físico e mental. No Brasil, a prática chegou na década de 80, com Sara Marriot. Quando foi morar em Nazaré Paulista, no Interior do Estado, a professora da técnica passou a disseminar o que tinha aprendido na Escócia. O lugar tornou-se referência nacional no quesito danças circulares ao ponto de receber, várias vezes, Maria Gabrielle Wosien, filha de Bernhard.
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